Sempre foi assim, desde os tempos imperiais, passando pelas “candinhas” e desembarcando nos dias de hoje, alimentada por novas ferramentas de informação. As pessoas precisam saber.
O que? Tudo!
Bem me lembro de um tempo em que acreditávamos uns nos outros e se alguém dissesse “palavra de honra”, estava garantido. Mas agora não. Movidos pelas razões antigas – fofoca, mesquinhez. Por desconfiança, vocação irresistível para o sadismo e o mórbido ou, em último caso (é assim mesmo), em solidariedade, as pessoas precisam saber TUDO, nos mínimos detalhes. Não aceitam mais um simples “confie em mim”. Ninguém é mais confiável. Mas, cá entre nós, de que servem algumas informações para as pessoas sadias de mente e espírito?
Quando alguém morre, lá vem a pergunta: Morreu do que?
O que interessa, se não se pode fazer mais nada? Se o amparo e fraternidade só podem ser oferecidos aos que ficaram?
Fulano está doente: Doente do que? Você por acaso é médico?Pode curar aquela pessoa? Ainda mais se ela é uma desconhecida, apenas alcançada por redes sociais?
Beltrano foi contratado para um novo emprego: Quanto vai ganhar? Quem indicou? Por que você você quer saber? Vai lhe pedir favores? Vai murmurar pelos cantos por que ele é sortudo e você não?
Vivemos um tempo em que a fraternidade deixou de ser gratuita, é condicional. Será oferecida apenas se a criatura cumprir todos os requisitos exigidos por sua inesgotável curiosidade, um questionário implacável.
“Amar ao próximo como Ele nos amou”. “Fazer o bem sem olhar a quem” viraram expressões vazias de sinceridade. Uma retórica pobre. A espontaneidade foi substituída pela exigência de contrapartidas que variam em seus níveis de exigências.
Mentes sãs, amorosas – a cada dia mais exíguas, não se detém nesses detalhes mesquinhos. Ou você ajuda ou não. Ou escuta a voz do coração ou apenas desconhece a estória e vira as costas. Cada um na sua, não é?
Quando ajudamos ao próximo, não é a ele que destinamos nossa obra, é a nós, que evoluímos e partilhamos essa teia de relacionamentos, certos de que existirá o retorno. Talvez não do objeto da nossa bondade, mas através do Universo que em seu ciclo perfeito, sempre faz um percurso circular, devolvendo a cada um os resultados de suas ações.
Pensem nisso.