Às vezes da um nó na minha cabeça que só Jesus prá desatar. Ai, tenho que escrever.
Essa foi um semana especialmente movimentada, mas um fato ocupou com destaque todas as mídias: o resgate de uma refém, que terminou com o disparo certeiro de uma atirador de elite. Até ai, palmas para a nossa polícia historicamente desprezada, mal paga e, em algumas ocasiões, como no sequestro do 174 e no caso da Eloá, desastrada.
Bem, mas Carnaval demagógico estava longe de terminar. Tinha de tudo. Exibições sangrentas em jornais e vídeos do instante em que o homem foi abatido. Um jornal marrom exibia em close o que sobrou do infeliz, olhos abertos, perplexos, esparramado em seu próprio sangue e cérebro.
Vá lá que seja, infelizmente a indústria da catástrofe é tão lucrativa, ainda mais em tempos de guerrilha urbana e pré-campanha política, se vocês não perceberam.
O que não me passou pela garganta, gente, foi a cobertura dada pela imprensa à comemoração da morte do bandido. O encontro entre o atirador com a vítima agradecida. O ramo de flores empunhado pelas mesmas mãos que puxaram o gatilho, o abraço emocionado, as lágrimas sorridentes. Quanto despudor!
Hoje, a capa de um jornal estampava o retrato de uma pobre mãe, devastada pela dor, dizendo:
“Eles podiam ter esperado mais um pouco, meu filho não ia detonar a granada, não era a índole dele”. Pobre criatura, cujo coração era incapaz de compreender a gravidade do crime que o filho havia cometido. Lembrei de uma música do Chico Buarque “olhaí, é o meu guri, olhaí…”
Triste sociedade onde um crime se pune com outro. Posso entender que ali, não havia outra solução, que a polícia agiu com eficiência, mas por que tanta exploração dessa desgraça? Comemorar o que? Por que, ao invés de explorar, não se resume os fatos que expõem a nossa bestialidade, seja ela criminosa ou oficial?
Ai, meus deuses, até quando?
Ai amiguinha concordo plenamente.
Q sociedade é essa q nós vivemos ??
Bjs Gil
Olá!!! Viajando pela internet acabei parando por aqui e adorei ler seu texto. Me senti exatamente assim. Assitir, mesmo sem querer, inúmeras vezes aquela cena me fez um mal enorme, e por mais vezes que visse não consegui me acostumar. Graças a Deus!!!!! É uma pena que nossas crianças tenham que ver isso, assim como nossos idosos, todos nós. Quem sabe um dia!!!! Bjs