Tinha o hábito de comprar frutas num mercadinho aqui perto – HORTIFRUTI da Senador Vergueiro – CUIDADO!!!
Pois, é, justo no último Dia do Consumidor, fui comprar meu tradicional melão de redinha, caro pacas, mas com doçura garantida e outras coisinhas gostosas. Estava quase terminando, quando um pequena caixa de plástico me chamou a atenção. Eram morangos gigantes – só cabiam cinco ou seis na caixinha. O espanto: R$ 9,99 !!!! Puxa, deviam ser maravilhosos, não é? Negativo! Olhando de perto, descobri que estavam irremediavelmente mofados. Voltei e olhei as outras embalagens. Eram uma mini-fábrica de penicilina, algumas frutas já alcançando aquele verde só encontrado em episódios do CSI.
Rumei para o caixa e mostrei à moça o meu achado – será que vocês se esqueceram de recolher os morangos? Olhe só, moça, que coisa…
Ela, toda faceira, com ares de deboche, respondeu:
– É, a senhora vai levar?
– !?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!
Voltei-me para a fiscal que estava adiante conferindo notas:
– A senhora ouviu isso?
– O que foi?
Mostrei a embalagem e relatei o que a caixa havia me dito.
– Acho um absurdo! Isso é digno de uma denúncia à Vigilância Sanitária!
– Ai, é com a senhora mesmo – respondeu indiferente e já virando para atender ao telefone.
– Bem, se é comigo mesmo, quero denunciar. Onde está o telefone da Vigilância?
– Sei não …
– Como não sabe? Vocês tem a obrigação de exibir em local visível o telefone…
– É, mas não tem. A senhora liga para 102 e pergunta.
– Quero falar com o Gerente.
Dos fundos da loja surgiu um rapaz e, após eu relatar o que havia acontecido, me respondeu:
– Estamos com poucos funcionários e não deu tempo de ver essas coisas. A senhora me desculpe.
– Até posso entender, mas exijo um pedido de desculpas e vou denunciá-los assim mesmo. Cadê o telefone da Vigilância Sanitária?
– Ah, esse nós não temos, mas a senhora não quer fazer um acordo com os morangos que estão bons? Quanto ao pedido de desculpas, depois eu converso com as meninas.
Sai soltando fogo pelas ventas. Entrei na padaria do Renato, meu amigo de fé, cumpridor das leis e anotei o telefone que estava à vista.: 2503 2280.
Voltei para dentro do HORTIFRUTI e após algumas tentativas, consegui ser atendida por um homem bem educado que perguntou o meu nome e queixa. Daí, mordida pela mosca azul da vaidade, não resisti e falei em alto e bom som:
Aqui é Glória Britho, das rádios Tupi e Nativa. A minha queixa é a seguinte: blábláblábláblá
Parou tudo: Caixas, fregueses, gerente. Acho que até o cachorrinho que estava amarrado na frente da loja prestou atenção.
O atendente da Vigilância se prontificou a tomar imediatas providências. Será que o faria tão rapidamente se eu não me apresentasse tão bestamente?
Ao desligar, lancei um olhar de desprezo aos dois funcionários e disparei:
– Acho bom vocês fazerem uma boa faxina, na loja e nas línguas, por que o bicho vai pegar!!!
Sai respirando ares de vitória, mas igualmente frustrada por ver que no seu dia, uma consumidora só causou impacto por que faz parte de uma classe que pode gritar mais alto e ser ouvida. Se as leis não são cumpridas, é claro que é por que não são devidamente aplicadas.
Consumidor? De cú é rola!!!
Consegui imaginar a cena que vc viveu. Hilária por um lado, medonha por outra. Gostei muito de vc ter metido a boca no trombone e espero que a Vigilância bata lá mesmo e multe esse hortifruti. Pena que não vai conseguir multar também a língua mal-educada dessas atendentes!