Tarde de Domingo. Tem coisa mais chata?
Querendo melhorar um pouco o meu astral, chamei Paulinha para o cinema. O filme? De terror, é claro! VÍRUS – produção de quinta, com atores de terceira, mas com a dose certa de divertida incompetência que tanto me faz rir. Minha filha, coitada, inimiga desse gênero, só dando uma força.
No shopping, lotado por outras tantas vítimas da “síndrome de Domingo”, tentando aliviar o tédio, ficamos bundeando antes do início da sessão, olhando vitrines, pessoas, rindo de uns e de nós. Paramos num daqueles quiosques que ficam no meio dos corredores. Vendia “jóias” assinadas por uma artista. Algumas peças de gosto duvidoso, outras finamente elaboradas em prata, todas caras como o Diabo.
Atrás do balcão, duas meninas uniformizadas de coletes cor de vinho, cabelos presos no alto das cabeças, maquiagem impecável, disfarçando as olheiras da noite mal dormida, tentavam convencer os passantes a comprar “em até seis vezes sem juros no cartão”.
Fiquei por ali, pedindo para ver uma coisa e outra, perguntando preços e admirando a beleza de um pingente de prata com ametista. A mocinha, ia respondendo, sem muita convicção às minhas questões, como uma cara de sono de dar dó. Tenho certeza de que ela queria mesmo era estar em casa dormindo e se preparando para uma tardia balada, antes que a próxima semana começasse.
Em dado momento, vi num cantinho da vitrine um Buda entalhado que, de perto não era tão bonito quando as antigas peças de marfim, hoje relegadas à categoria “ecologicamente criminosas”. Pedi para ver:
– Moça, pode me mostrar esse Buda?
Ela sacou o mimo da vitrine, já danada da vida com aquela mulher chata que tudo queria ver e nada comprar “em seis vezes sem juros no cartão”.
– Do que é feita essa máscara? Resina?
– Não, senhora – respondeu a vendedora com um olhar escandalizado, quase homicida – é OSSO!
– Osso? !?!?!?!?!?!
– É, osso.
– Não, senhora – respondeu a vendedora com um olhar escandalizado, quase homicida – é OSSO!
– Osso? !?!?!?!?!?!
– É, osso.
E, fechando o mostruário, sem ao menos olhar para minha cara, deu como encerrado o atendimento. Eu que fosse à merda, já que não queria comprar “em seis vezes sem juros no cartão” nenhuma daquelas “jóias”. Com a graça das magrinhas, se agachou e sacou de um buraco embaixo do balcão, um pedaço generoso de um inacreditável algodão-doce, enfiando a nuvem açucarada todinha na boca.
Olhei incrédula para a Paula que, segurando o riso, me puxou pelo braço. Saimos desvairadas, às gargalhadas pelo shopping. E por que não?
Pois é, uns tomam Prozac, outros comem algodão-doce. Eu vejo filmes de terror.
Não é uma loucura?
E eu como leite condensado na lata, KKKKKKK!!!! Mas tenho me controlado e, pra aliviar o tédio e o estresse, prefiro ir jogar vôlei! Pelo menos não engorda.
Domingo no shopping realmente rende boas crônicas. Sugiro a você repetir a dose no próximo fim de semana para escrever novas histórias tão deliciosas quanto essa. (Amiga que eu sou, hein? KKKKK!)