Gente, sinceridade? Às vezes eu penso que já vi tudo, afinal, são 60 anos bem vividos e rodados.
Cenário:
Noite de segunda. Shopping Rio Sul. Loja de bijuterias finas.
Eu e a minha filha Paula, revirávamos de ponta-cabeça a loja, mexendo em tudo para encontrar um bendito punhal adornado por uma serpente, objeto antigo do meu desejo.
Entram na loja duas mulheres bem vestidas, jóias caras, gente rica. A mais velha, portava uma estranha sobrancelha tatuada com esmero, mas com um certo ar de Ava Gardner tupiniquim. Usava um macacão-pantalona chiquetérrimo de alguma grife desconhecida da classe média que vos fala.
A jovem, parecida com a senhora, também se vestia com o melhor da moda, só que carregou no estampado e nos cabelos; um estranho arco com improváveis penas, adornava a cabeça da moça que, ao se mover, parecia uma hiláriante galinha-da-serra. Tinha um olhar estranho, aquele que você logo percebe que foi medicado com pelo menos três comprimidos de tarja preta. No rosto inchado, gritava um curativo ennooorrrrme no nariz. Abaixei os olhos a tempo de ver que um dos dedos da moça também estava enfaixado.
Apurei os ouvidos e escutei uma conversa entre as duas e a gerente da loja. Elas pediam que os cheques pré-datados que emitiram fossem depositados uma semana depois do prazo acordado. A senhora explicava:
– Tive que gastar uma fortuna em cirurgias plásticas com a minha filha.
Olhei de novo para a moça e cheia dó perguntei:
– Coitada! O que aconteceu? Você foi mordida por um cachorro?
– Não minha senhora, respondeu balançando as peninhas instaladas nos cabelos, foi a minha irmã que me mordeu. Ela arrancou metade do meu nariz e um pedaço desse dedo.
E eu, que tantas vezes perco a oportunidade ímpar de manter a língua aquariana dentro da boca, disparei:
– E ela já está presa?
Silêncio total. As vendedoras arregalaram os olhos. Paula olhava sem acreditar no que via (e ouvia).
A moça, arregalou mais ainda aqueles olhos de boneca Emília depois do baseado e se voltou contra a mãe.
– Tá vendo? Até os estranhos acham que você tinha que mandar prender aquela cachorra! É lei Maria da Penha! Aconteceu dentro de casa!
Me preparei para uma fuga rápida. Sei lá o que senhora poderia fazer diante da minha boca maldita? Mas que nada, ela se voltou para mim com um olhar desolado, submisso, apesar daquelas sobrancelhas caprichadas e respondeu:
– Minha senhora, eu não podia fazer isso. A irmã dela é Federal. Se perder o emprego, ainda vou ter que sustentar as duas, a senhora me entende?
Preferi me calar, pois o absurdo da situação já fazia cócegas nas minhas costelas e eu tinha certeza de que teria uma incontrolável crise de riso. Apertando a boca e o passo, sai empurrando de leve a Paulinha, segurando nas mãos o meu lindo pingente, enquanto dentro da loja as duas, mãe e filha, continuaram a discussão acalorada sobre direitos, crimes e punições. Barracos de família.
No corredor, rimos até chorar e estou rindo até agora.
Sim, vocês podem me acusar de cruel, indiferente. Podem até dizer que serei castigada, mas, aqui entre nós, vocês não fariam o mesmo? Se discordarem, que atirem a primeira mordida. Mas com a vacina em dia, é claro!
Até…
Hilário de Gouveia esquina com Bizarro do Amaral, Gloria! Hahahahahaaaaadorei…
Hahaha….eu teria perguntado se a cachorra da irmã tomou a vacina antirábica…hahahaha….que loucura ! rs
Crises de risos!!!!
Quando pensamos que já vimos de tudo!! Gente louca!!
O melhor de ler essa historia hilaria, é ter presenciado esse episódio!!!!hahahhahahahahahha Vcs precisavam ver a cara de louca da mulherrrrrrrrrrrr!!!!!
Ainda bem que minha irmã é vegetariana!
Esse é o mundo animal em que vivemos, rsrsrs!!!! Dá pra acreditar num troço desses? Só acredito pq é vc contando, rsrs.
Agora vem cá: “olhos de boneca Emília depois do baseado” é uma das frases mais ricas que já li num blog. AMEIIIIIIII!!!!
Beijos, fofy!
PS: Eu não sou vegetariana porra nenhuma! Meu irmão que se cuide, rsrsrs.