Ela bem que estava se esforçando, sou testemunha.
Academia, dieta, sibutramina, promessas para meia dúzia de santos. Perdeu quilos e medidas, várias. Saiu orgulhosa da avaliação da personal – “Você está ótima, continue assim!”
De verdade, ela não era gorda. Era sim, o perfeito exemplar da mulher brasileira dos anos 70 – boazuda, gostosona, cheia de carnes para pegar. Pena que nasceu na época das anoréxicas, fazer o que, né?
Sexta-feira da Paixão. A cidade bombando de turistas. A amiga, solteira recente, animada com a nova fase, recebeu amigos de outro estado. Dentre eles, dois bonitões, médicos, especialistas em cirurgia plástica.
– Pronto, amiga, arrumei o gato perfeito para você, agora vai!
E a bonita se arrumou toda, chique no último, linda como sempre e partiu rumo à balada.
Logo de cara ficou impressionada com o doutor que só falava do seu trabalho, de quantos anos precisou para chegar aonde estava agora – ganhando uma grana poderosa, minha filha!
E ele falava e repetia, qual maritaca ensandecida e ela, olhava perplexa a criatura que incorporara o mito de Narciso em toda a sua plenitude.
– E agora, onde fica o botão que desliga essa criatura? Perguntou ao outro doutor.
– Experimenta dizer “CÂMBIO”, às vezes funciona.
Ela tentou e deu certo, pelo menos por alguns minutos.
A noite avançava e, entre uma vodka e outra, o papo evoluia e ficou até animado, a medida em que o teor alcoólico aumentava e a inibição sumia.
Foi quando o Apocalipse se instalou:
– Vem cá, quanto você pesa, gata?
– Cumequié? Como assim? Você acabou de me conhecer e pergunta quanto eu peso? Nem a minha mãe sabe disso!
– Não, tô falando como médico. Sabe de uma coisa? Você é muito linda!
E, tomando fôlego, disparou a derradeira flecha:
– Se perder só um pouquinho de peso…
Ali, acabou a noite. Impossibilitada de assassinar o doutor, a gata manteve distância até a hora da partida, quando ainda foi obrigada a dividir o táxi com o idiota.
Dizem que foi castigo do Divino, pela esbórnia em plena sexta-feira Santa, mas o fato é que a gata chegou em casa ainda meio mamada e totalmente indignada. Acordou a pobre mãe para um desabafo.
Ela, a mãe, cheia de raiva, sono e solidariedade, devolveu:
– Bem que Freud disse que o cirurgião é um sádico que viu uma saída valorizada para o seu gosto por sangue. Nojento!!! Virou para o lado e foi dormir.
haahhahahaha
Mto boa essa história!!!! Realmente esse cirurgião merecia no mínimo uma surra né???
Será q foi castigo de Deus pela esbórnia na sexta feira santa????
Adorei a história! Muito boa!!! Se fosse comigo, o cara tinha levado um fora, kkk!
Esse mané me fez lembrar do falecido marido da Ângela Bismarck, aquela mulher esquisitíssima que já fez plástica até onde Deus duvida. Ela casou com um cirurgião plástico e ele fez dela seu brinquedinho favorito. A mulher enviuvou e depois casou com outro cirurgião plástico. Ai, ai… Só com muita vocação pra pirua pra aturar parceiros que veem primeiro o corpo e só depois a alma (quando veem…).
A sua personagem (que deve ser real) fez muito bem em não dar trela pra esse cara que não sabe nem cortejar uma mulher… Já se ela estivesse a fim de uma lipo, teria feito bom negócio, haha!
Beijos!!!